Membro, coopere com seu pastor. Quantas vezes você já ouviu esta frase? Quantas vezes você já se perguntou: como posso ajudar meu pastor? Não estou falando de uma simples ajuda com os afazeres na igreja, mas uma de uma contribuição pessoal e íntima.
Recentemente iniciei uma série de exposições na carta de Paulo a Filemon na igreja onde pastoreio. Diante de todos os desafios que o ministério nos dá, há muitas bênçãos. Principalmente quando encontramos na Palavra de Deus a exortação necessária não apenas para a nossa igreja, mas também para as nossas próprias vidas. Essa carta breve nos ensina muito sobre nossa relação uns com os outros. Embora seja bem curta com apenas vinte e cinco versículos, temos nela uma enchorrada de ensinamentos sobre amor, misericórdia, perdão, reconciliação, graça, entre outros. Porém, o que quero enfatizar neste breve pensamento é aquilo que encontramos logo nas primeiras palavras do apóstolo a Filemom, nas quais ele diz: “também nosso colaborador”.
Porém, antes de me dirigir a você que é membro de uma igreja local, quero me voltar para você pastor (missionário, obreiro ou líder). Tenho duas coisas a dizer: Primeiro, você não deve desenvolver seu ministério sozinho. Nós temos bons argumentos e iremos citá-los de forma breve. Em segundo, você não é indispensável. Não seja orgulhoso a ponto de pensar que sem você a igreja não irá continuar. Se a existência da igreja local depende da sua permanência e de seu trabalho, então ela não está edificada sobre Cristo e sim sobre seu ministério. A notícia terrível é que hora ou outra ela irá ruir, com ou sem você. O porquê enfatizo primeiro essas duas questões? Vamos então aos argumentos:
QUEM ERA PAULO, E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA PARA A IGREJA?
Você irá concordar comigo que o apóstolo Paulo é sem dúvida um modelo e exemplo de fé. Seu conhecimento e a maneira como ele foi usado por Deus muitas vezes é também objeto de nossa admiração, e por que não, da nossa busca. Mas quem era Paulo? Qual sua importância para a igreja não só em Colossos (igreja a que pertencia Filemon), mas também para a igreja em nossos dias?
A Escritura nos afirma em Filipenses 3.4-6 que o apóstolo era da linhagem de Israel, da tribo de Benjamin, hebreu de hebreus, fariseu e irrepreensível quanto à lei. Se nós olhássemos para Paulo naquilo que era instruído, nós teríamos nele alguém quase intocável. O que quero dizer com isso, é que com todo o “gabarito” de Paulo jamais imaginaríamos alguém como ele precisando de conselhos, necessitando ser exortado ou sendo corrigido por alguma falta. Não passaria em nossa mente sequer uma única vez ter que trazer palavras de ânimo, orar ou ler as Escrituras com ele. Afinal, ele é apóstolo, conhecedor da lei, irrepreensível e usado por Deus.
Filemon, leve Paulo pra tomar sorvete.
Neste sentido, olhando para o exemplo que ele deixou e o tamanho conhecimento e fidelidade a Deus, sequer um dia passaria em nossa mente ter que fazer uma visita a Paulo, ou levá-lo na praça para tomar um sorvete e conversar. Na verdade, sendo quem era, nós é que lhe pediríamos conselhos e é dele que esperaríamos um convite para um “passeio pastoral”. Mas veja, embora ele tivesse uma grande importância para o desenvolvimento da doutrina no Novo Testamento (de forma que ainda hoje bebemos de boa parte dos seus ensinos) Paulo não se considerava um intocável. Ele reconhecia a necessidade que tinha de pessoas ao seu lado para compartilhar com ele tanto as alegrias quanto as dores do ministério. Se coloque ao seu lado, ore com ele, caminhe com ele, coopere com seu pastor.
Infelizmente muitas são as vezes que pastores se colocam em um nível de superioridade tal diante do seu rebanho, estão tão distantes com a sua voz imponente, seu andar majestoso, seu blazer azul marinho e sua gravata slim, que acabam passando um “ar superior”. Estão como que dizendo: “eu sou o ungido de Deus, não me toque”. “Ninguém pode me ver triste, de bermuda e chinelo, eu sou o pastor”. Paulo, sendo quem era, se colocou em igualdade com aqueles que estava ao seu lado cooperando com o evangelho. Ele se lançou como um igual. Um escravo.
Tendo dito isso me volto agora a você que é membro de uma igreja local (não deixando também de aplicar os ensinamentos aos líderes da igreja).
PAULO NECESSITAVA DE COOPERADORES
Se seu pastor é honesto consigo mesmo, ele vai reconhecer que precisa de cooperadores. E você é alguém chamado por Deus para se colocar ao lado dele nessa caminhada tão dura do ministério.
O apóstolo usa quatro palavras para enfatizar aqueles que estavam ao seu lado. Dando ênfases diferentes para cada qual deles. Tanto na carta a Filemom quanto na carta que escreveu à igreja de Colosso, menciona treze pessoas que cooperavam com ele. São elas: Epafras, Áfia, Arquipo, Timóteo, Filemom, Marcos, Aristarco, Demas, Lucas, Tíquico, Onésimo, Jesus (conhecido como justo) e Ninfa – Fm 1.1,2,23,24; Cl 1.7; 4.7,11. Ao mencionar esses irmãos, Paulo destaca as seguintes palavras:
- Colaborador e cooperador: Um companheiro de trabalho; alguém que se compromete em contribuir pessoalmente – Fm 1.1,24; Cl 4.11.
- Companheiros de luta: Como um soldado que está ao lado de outro lutando pela mesma causa – Fm 1.2.
- Conservo: Um escravo que está servindo, com outro, ao mesmo senhor – Cl 4.7.
- Lenitivo: Um conforto, alívio, consolação – Cl 4.11.
Apenas para resumir, todos que foram citados se tornaram parte fundamental e importante para que o apóstolo desenvolvesse seu ministério. Nós não temos tempo para desenvolver ponto a ponto, mas basta-nos ter uma visão geral sobre como os membros de uma igreja são parte importante do ministério de um pastor. Posteriormente, você poderá pesquisar nos versículos que foram citados (sugiro que leia Filemon e Colossenses) e perceberá que nem todos aqueles que estão nesta lista de “cooperadores” são pastores e missionários. Muitos são membros de igrejas locais que foram grandemente usados por Deus para abençoar Paulo. Por isso, entenda que você como membro é importante, assim como Filemon foi na vida de Paulo. Coopere pessoalmente com seu pastor em todo o tempo.
Tendo dito isso vamos para algumas questões práticas.
COMO POSSO COOPERAR COM MEU PASTOR?
Aqui vai algumas coisas que você poderia fazer para colaborar com seu pastor (além de ser um servo fiel a Deus).
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Coopere orando com seu pastor.
Quantas vezes você já despendeu tempo para orar com seu pastor? Não estou dizendo orar pelo seu pastor. São coisas distintas. Você pode orar por ele em todo o tempo. Pode tê-lo em sua lista de oração. Mas, o que estou afirmando é, quantos dias no ano você saiu do seu trabalho, tomou um bom banho, pegou seu carro, foi até a casa do seu pastor e sentou-se na sala de estar não para queixar-se dos seus problemas, mas para orar com ele? Como disse anteriormente, se ele é honesto consigo mesmo, vai perceber que não só deve orar com e pelos membros de sua igreja, mas que também deve haver uma reciprocidade para o fortalecimento da sua própria alma. Você quer ser um cooperador para o ministério dele? Coopere com seu pastor tomando tempo para orar com ele.
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Coopere visitando seu pastor.
Assim como na oração, quantas vezes você visitou seu pastor sem que ele te convidasse para um “puxão de orelha”? Ou quando você foi visitá-lo em um momento difícil em sua vida?
Muitas vezes criamos essa falsa ideia de que somente o pastor está apto para fazer visitas. “Membros não podem visitar uns aos outros. Membros não podem visitar o pastor. Afinal, ele é quem é pago para isso, e não eu”. Com certeza uma visita mesmo que corriqueira alegraria o coração dele, e ele veria que de fato você, como conservo, se importa com sua vida e ministério.
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Coopere lendo e compartilhando a Bíblia com seu pastor.
Lembra do que dizemos sobre Paulo? Imagine você batendo na porta da casa do apóstolo dizendo: “Paulo, vim fazer uma visita para ler a Bíblia com você”. Talvez você pense: “Como assim? Paulo já lê a Bíblia todos os dias. Ele é Paulo, não é um qualquer”. Essa é a mentalidade de muitos. Pensam que por seus pastores estarem todos os dias envolvidos com a leitura da Escritura, não é necessário que “eu, um membro, compartilhe com ele. Ele sabe, entende e conhece mais do que eu”. Como diz o ditado, é chover no molhado.
Mas não encare as coisas desta forma. Entenda que assim como você necessita do sólido alimento da Palavra, ele também é um pecador que necessita do pão. Às vezes o que o padeiro quer é alguém que traga para ele um pedaço de pão. Um gosto diferente, feito por mãos diferentes. O que quero dizer, às vezes o que o seu pastor quer é ser também alimentado pelo pão que você mesmo serve. Pela Palavra que é compartilhada por você ao coração dele.
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Coopere consolando seu pastor.
Paulo disse que alguns irmãos eram para ele como um lenitivo. Isso significa que eles traziam conforto e consolo ao coração de Paulo. Inclusive, Filemom era alguém que pelo amor que demonstrava à igreja, trazia alegria e conforto (Fm 1.7).
Da mesma maneira também traga consolo ao coração do seu pastor sendo um exemplo no amor cristão. Demonstre amor aos seus irmãos em Cristo e aos seus líderes. Sirva-os de todo o coração assim como também estes o fazem a você.
UMA PALAVRA FINAL
Lembre-se de algo que é muito importante para sua caminhada cristã rumo a ser um cooperador no ministério do seu pastor. Tudo o que você faz não é por ele, mas sim pelo reino de Deus. Em Colossenses 4.11, sobre Aristarco, Marcos e Jesus, Paulo diz: “cooperam pessoalmente comigo pelo reino de Deus”. Aqueles homens estavam ao lado, colaborando e cooperando junto ao ministério de Paulo não por ele, mas pelo reino de Deus. Membro, coopere com seu pastor não para ser aprovado por ele ou para conquistar seu coração, mas pelo reino de Deus para que no fim você ouça do Senhor: servo bom e fiel.