Nós iniciaremos uma série de artigos com o Tema: conhecendo o dispensacionalismo. No artigo de hoje iremos fazer um breve resumo do dispensacionalismo e aos poucos iremos trabalhando ponto a ponto em artigos futuros. Então vamos começar.
O QUE É O DISPENSACIONALISMO?
O dispensacionalismo é um sistema bíblico teológico de interpretação das Escrituras Sagradas que busca solucionar a tensão existente entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento. Surgiu de forma sistematizada pela primeira vez no século XIX como uma alternativa ao Aliancismo e à Teologia da Substituição — que eram a “ortodoxia” da época. Em outras palavras, o dispensacionalismo é um conjunto de premissas e metodologias que busca extrair do texto bíblico o seu sentido mais natural possível. Isto, por si só, posiciona os teólogos dispensacionalistas na ala da “descontinuidade” entre o Antigo e o Novo Testamento.
QUAIS AS PREMISSAS ESSENCIAIS DO DISPENSACIONALISMO?
O dispensacionalismo é marcado por pelo menos 5 premissas essenciais — elementos sine qua non.
- A primeira premissa é a de que a nação étnica de Israel e a Igreja de Jesus Cristo são dois grupos distintos nas Escrituras Sagradas. Este é o elemento mais marcante do dispensacionalismo.
- A segunda premissa é a de que o pré-milenismo é a escola escatológica mais apropriada e o futurismo é a chave hermenêutica mais apropriada para a leitura dos textos proféticos. Isto é, todos os dispensacionalistas são necessariamente pré-milenistas e futuristas.
- A terceira premissa é a de que Deus administra a história do Cosmos através de dispensações (mordomias). O número destas mordomias não é importante para o sistema teológico dispensacionalista. Mas, em geral, deve ser no mínimo 4 dispensações.
- A quarta premissa é a de que todas as dispensações possuem características e propósitos distintos, e Deus se relaciona com a humanidade de forma diferente em cada uma delas.
- A quinta e última premissa — para o propósito sintético deste artigo — subsiste na ideia de que a metodologia de interpretação do texto bíblico deve estar respaldado na hermenêutica histórico gramatical.
AS TRÊS FORMAS DE DISPENSACIONALISMO
Atualmente, nos meios acadêmicos, há 3 formas de dispensacionalismo: o dispensacionalismo clássico, o dispensacionalismo revisado e o dispensacionalismo progressivo.
Um resumo do Dispensacionalismo Clássico
O dispensacionalismo clássico é a forma de dispensacionalismo sistematizada por John Nelson Darby, popularizada por Cyrus Ingerson Scofield e consolidada por Dwight Lyman Moody e Lewis Sperry Chafer. Esta é a forma de dispensacionalismo mais comum no meio pentecostal e arminiano. Algumas das características principais do dispensacionalismo clássico são: a ênfase no literalismo do texto Bíblico, a extrema dicotomia entre Israel e Igreja, a defesa do pré-tribulacionismo, a crença em duas “novas alianças” e a esquematização rígida dos eventos escatológicos — especialmente das profecias de apocalipse.
Um resumo do Dispensacionalismo Revisado
No entanto, por volta de 1950, no Dallas Theological Seminary — fundado por Lewis S. Chafer — surgiu um movimento revisionista do dispensacionalismo ensinado até então. E, a partir de algumas publicações do doutor Charles Ryrie, houve o estabelecimento do denominado dispensacionalismo revisado. O dispensacionalismo revisado é marcado pela atenuação da distinção entre Israel e Igreja, pela revisão na doutrina do pré-tribulacionismo e da nova aliança e, principalmente, pela defesa sólida de um único método de salvação em toda a história.
Um resumo do Dispensacionalismo Progressivo
Já o dispensacionalismo progressivo emerge entre o final de 1980 e o início de 1990 quando teólogos da tradição dispensacionalista passaram a se reunir para discutir melhorias no sistema teológico. Essas melhorias propostas se tornaram sólidas a partir do ano de 1991 e, no ano de 1993, o teólogo Robert L. Saucy escreve “The case for Progressive Dispensationalism”. Algumas características do dispensacionalismo progressivo são:
- a mudança da metodologia hermenêutica de “histórico gramatical” para a hermenêutica complementar (histórico-gramatical-literário-teológico)
- o afastamento do pré-tribulacionismo como uma linha viável para o momento do arrebatamento da igreja
- a associação à “escatologia inaugurada” que permite o entendimento de que a aliança davídica e a nova aliança já se cumprem na Igreja
- a diminuição do número de dispensações — de 7 ou 9 para 4 ou 5 dispensações
- e, principalmente, uma maior aproximação do sistema bíblico teológico aliancista — o que permitiu diversas convergências de pensamentos e interpretações.