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Ao que parece, todos atualmente falam de uma cultura do medo. Em nosso mundo digitalizado, a velocidade com que as informações e notícias são divulgadas nos enchem mais do que nunca, de muito motivos de preocupações. Por que a cultura do medo é tão forte hoje em dia? É que a prosperidade incentiva as pessoas a se tornarem mais avessas ao risco e à perda. Quando a sua cultura é hedonista, sua religião é terapêutica e seu objetivo é ter um sentimento de bem-estar pessoal, o medo será a dor de cabeça sempre presente. Entretanto, a própria confusão moral é uma consequência de uma perda anterior: O temor a Deus. Deus fornece a lógica e a matriz da moralidade. Quando ele não é mais temido a confusão moral é o que segue.

“a própria confusão moral é uma consequência
de uma perda anterior: O temor a Deus”.

Tendo a sociedade perdido Deus como o próprio objeto de temor saudável, nossa cultura está consequentemente se tornando cada vez mais neurótica, mais ansiosa. Sem o cuidado providencial de um Deus bondoso e paternal, ficamos totalmente incertos com as constantes mudanças, tanto da moralidade, como da realidade. Ao expulsar de nossa cultura outras preocupações – desde a saúde pessoal até mesmo a do planeta – assumiram uma supremacia divina em nossas mentes. Coisas quem em sim mesmo são boas se tornaram ídolos cruéis e impedidos, e, assim, nos sentimos sem ajuda e fragilizados.

Quando o medo é uma resposta a algo específico, a ansiedade é mais uma condição geral, como algo pairando na atmosfera. A ansiedade pode, portanto, se agarrar a qualquer coisa ou se alterar facilmente em um momento. Num minuto estamos preocupados com a faca do crime, noutro com a mudança climática.

A sugestão de que a perda do temor a Deus é a causa raiz da ansiedade de nossa cultura é um golpe para o ateísmo. Isto porque o ateísmo garantia exatamente o contrário. O ateísmo vendeu a ideia de que, se você liberar as pessoas da crença em Deus, isso os libertará do medo. Diante desse trágico episódio da vida que estamos vivendo, a pergunta que tem circula é: Cancelados, e agora?

“O medo é dominante na cultura”

Hoje parei para pensar que vivemos em uma cultura em que o medo é a figura dominante, quer seja no clérigo como no proletariado. Ambos estão expostos a qualquer perigo e passíveis de serem atacados pelo mesmo semelhante, embora haja quem saiba como melhor se defender dos perigos eminentes.

O medo pode ser um grande aliado ou um grande inimigo dependendo de nosso ponto de vista e como nós o enxergamos. Fica muito claro agora que as novas tecnologias têm consequências que não podemos prever. Por exemplo, ao comprar um smartphone pela primeira vez, você não tinha ideia do impacto sobre seu comportamento social ou sobre seus padrões de sono. Quando você usou a mídia pela primeira vez, você viu alguns benefícios potenciais, mas não tinha noção de como isso alimentaria seu medo de perder oportunidades. Mais conhecimento não significa necessariamente diminuir o medo; muitas vezes significa aumentá-lo.

Porém, talvez a maior ironia seja que a crise de ansiedade que preenche a nossa sociedade “iluminada” e sem Deus, é realmente nada mais que a mesma superstição primitiva a qual achávamos que seria erradicada pela epistemologia. O medo se tornou uma doença a ser medicada.

No entanto, essa tentativa de erradicar o medo, como erradicaríamos uma doença, tornou o conforto (que é a ausência total de medo) em uma categoria de saúde ou mesmo uma categoria moral. Enquanto o desconforto era antes considerado normal (e próprio para certas situações), agora é considerado uma coisa essencialmente não saudável. Isso significa, por exemplo, que um estudante universitário pode dizer: “sinto-me desconfortável com seu ponto de vista”, e considerar que esse seja um argumento legítimo para pôr um ponto final em uma discussão mais aprofundada, pois não é aceitável fazer alguém ficar desconfortável.

“em uma cultura inundada de medo e ansiedade,
o medo é cada vez mais visto como uma coisa totalmente negativa”

Ademais, em uma cultura inundada de medo e ansiedade, o medo é cada vez mais visto como uma coisa totalmente negativa. E os cristãos foram e têm sido arrastados por essa grande maré de opiniões, adotando para si a avaliação negativa da sociedade sobre qualquer espécie de temor. Não é de surpreender então que nos intimidamos em falar sobre o temor de Deus apesar de seu destaque na Escritura. Sem falar de toda a história do entendimento cristão.

É completamente compreensível, mas é trágico: a perda do temor de Deus é o que introduziu esta nossa era atual de ansiedade. Todavia, o temor de Deus é o próprio antídoto para nossa iniquidade.