Skip to main content

O DIA DO SENHOR E O PROBLEMA DE JOHN WALVOORD: UMA CRÍTICA À DECISÃO ADOTADA EM SEU LIVRO “O ARREBATAMENTO”

No seu livro: “O Arrebatamento”, John Walvoord fez uma das mais espetaculares e magistrais defesas da doutrina de um arrebatamento pré-tribulacional. Essa sua obra é, até hoje, considerada um grande marco para o pré-tribulacionismo. Não é atoa que essa ela é referência obrigatória para qualquer um que ousar dissertar sobre o assunto. A importância dessa obra para o pré-tribulacionismo é tão grande que alguns até satirizam dizendo: “essa é, afinal, a verdadeira ‘bíblia’ dos pré-tribulacionistas”.

Uma das coisas que fizeram dessa obra um livro revolucionário, foram algumas decisões questionáveis de John Walvoord quanto a argumentos clássicos do pré-tribulacionismo. Isto é, John Walvoord inovou em algumas áreas já saturadas por tantas objeções. Uma dessas áreas em que inovou está no que tange ao início do Dia do SENHOR. Em resumo, ele mudou o ensino dos antigos pré-tribulacionistas como John N. Darby e Cyrus I. Scofield ao dizer que o Dia do SENHOR, na verdade, se inicia juntamente com o início da Grande Tribulação (momentos após o arrebatamento pré-tribulacional da Igreja). Este pensamento o distanciou de Darby, Scofield e a maioria dos primeiros pré-tribulacionistas, que acreditavam que o Dia do SENHOR somente se iniciaria na segunda metade ou após a Grande Tribulação, e daria início à instauração do reino milenar de Cristo.

O dia do Senhor e sua cronologia.

A questão do Dia do SENHOR é um ponto central na discussão do momento cronológico do arrebatamento. Portanto, uma correta compreensão deste ponto é o que faz uma doutrina escatológica “cair ou permanecer em pé”. O próprio John Walvoord reconhece a importância dessa doutrina ao dizer: “existem poucos temas proféticos sobre os quais haja mais confusão do que o tema do dia do Senhor”[1]. É justamente por isso que ele se viu na obrigação de dar uma nova explicação para o evento do Dia do SENHOR. Porquanto a definição dos antigos pré-tribulacionistas estava acarretando sérios problemas na harmonização do sistema pré-tribulacionista.

O grande problema.

O grande problema aqui, porém, é que ao invés de John Walvoord satisfazer essa questão biblicamente, ele simplesmente escolheu impor às Escrituras aquilo que o sistema pré-tribulacionista exigia no momento. Em outras palavras, ele acomodou as Sagradas Escrituras ao seu sistema de arrebatamento pré tribulacional, em vez de ter acomodado o pré-tribulacionismo às Sagradas Escrituras. Este erro custou caríssimo ao pré-tribulacionismo. Isso o fez se distanciar daquilo que foi ensinado por profetas como Joel, por apóstolos como João e pelo próprio Senhor Jesus Cristo.

Lamentavelmente, a posição ensinada por ele se tornou o padrão ensinado pela grande maioria dos pré-tribulacionistas dos dias de hoje… todavia, John Walvoord ao menos foi honesto quando disse: “antigos pré-tribulacionistas […] em geral, identificavam o dia do Senhor com o milênio e dataram seu início no retorno do Senhor para estabelecer seu reinado terreno […]”[2]. Assim, ele assumiu que o seu novo ensino era dissonante daquilo que foi ensinado no passado. Essa honestidade é louvável, pois, a maioria dos pré-tribulacionistas hoje ensinam a mesma coisa que ele ensinou. Levianamente escondem propositalmente que os antigos pré-tribulacionistas jamais ensinaram que o Dia do SENHOR se iniciaria juntamente com a Grande Tribulação (como se fossem eventos concomitantes).

 

[1] John Walvoord, “O arrebatamento: fundamentos da escatologia pré-tribulacionista”, Natal, RN: Editora Carisma, 2022, p. 209

[2] Ibid., p. 209