A origem do pré-tribulacionismo e do dispensacionalismo se confundem na história, isto porque ambos foram sistematizados por uma mesma pessoa, John Nelson Darby. Darby foi uma pessoa polêmica e foi um dos líderes de um movimento religioso na Inglaterra chamado “Irmãos de Plymouth”. Contudo, mesmo em meio às polêmicas deste movimento, Darby não deixou de ser talvez o teólogo que mais impactou a escatologia na história da humanidade depois do apóstolo João. Não obstante, ele foi um dos pensadores mais lembrados durante as importantíssimas conferências proféticas havidas entre o final do século XIX e início do século XX – como a histórica Conferência Profética de Niágara, por exemplo.
É necessário frisar a importância do momento no qual Darby sistematizou pela primeira vez a doutrina do pré-tribulacionismo. Naquele tempo, nenhum outro teólogo ousava traçar qualquer escatologia que fosse tão distinta daquilo que era ensinado na Igreja desde os dias de Agostinho; o máximo que os teólogos chegavam, no início do século XIX, era na posição conhecida como pré-milenismo histórico. Naqueles dias, ninguém pregava uma distinção entre Israel e Igreja, ninguém ousava dizer que a Igreja não conheceria o Anticristo, e principalmente, ninguém dizia que a Igreja seria arrebatada antes do início da Grande Tribulação. Em outras palavras, antes de John Nelson Darby, nenhum outro teólogo havia estruturado, sistematizado e apresentado estes ou quaisquer outros pensamentos de forma tão convincente e com alguma coerência com os textos bíblicos.
É exatamente por isso que Darby é considerado o pai do pré-tribulacionismo e também o pai do dispensacionalismo. E, neste sentido, quando se diz “pai”, não se quer dizer “inventor”; até porque muitas doutrinas só foram sistematizadas em momentos de extrema necessidade. Segundo George Eldon Ladd (um dos maiores opositores do pré-tribulacionismo) a Igreja não se importou com a escatologia até o fim do século XVIII e início do século XIX. Sendo assim, Darby pregou e sistematizou no momento mais oportuno para que a Igreja se importasse com as questões escatológicas. E talvez seja exatamente por isto que John N. Darby seja uma figura tão central e obrigatória em qualquer discussão escatológica, visto que ele foi um pioneiro em tantas questões. De mais a mais, Darby foi um piedoso leitor da Palavra de Deus que se preocupou em interpretá-la corretamente.
Cyrus Ingerson Scofield foi outra figura tão importante para a sistematização da perspectiva pré-tribulacional quanto Darby. Scofield foi um pregador e teólogo dispensacionalista que se destacou por suas contribuições na propagação do pré-tribulacionismo por meio da “Bíblia de Referência Scofield”, publicada pela primeira vez em 1909. Essa Bíblia tornou-se amplamente popular e influente, ajudando a disseminar o sistema dispensacionalista e as crenças pré-tribulacionistas. Esta Bíblia comentada foi bem aceita e causou grande impacto porque possuía uma linguagem acessível até mesmo ao leitor mais comum das Escrituras, proporcionando uma abordagem dispensacionalista que auxiliava a todos no entendimento da Bíblia. O trabalho de Scofield na propagação do pré-tribulacionismo continuou a influenciar muitos cristãos e igrejas ao longo do século XX; suas ideias tiveram um papel importante na formação das crenças escatológicas de muitas denominações e grupos teológicos. A “Bíblia de Referência Scofield” foi um sucesso, pela primeira vez na história o homem comum poderia ter uma Bíblia com notas explicativas sobre as questões teológicas mais difíceis, haja vista que até aqueles dias, apenas os acadêmicos e “teólogos” tinham à disposição tais materiais; portanto, Scofield foi o homem responsável por colocar a “teologia” na “boca do povo”. Entre tantas outras contribuições de Scofield, está a ênfase na divisão da história bíblica em “sete dispensações” e a popularização da “teoria do hiato” (Gap Theory).
Após John Nelson Darby e Cyrus Ingerson Scofield, surge aquele que talvez seja o nome mais importante e influente no desenvolvimento do pré-tribulacionismo: John F. Walvoord. Sua profunda pesquisa e ensinamentos contribuíram para aprofundar o entendimento da doutrina pré-tribulacional e o lugar desta perspectiva dentro das interpretações bíblicas sobre o fim dos tempos. A mais notável contribuição de Walvoord para a doutrina do pré-tribulacionismo foi a publicação de seu livro “The Rapture Question” em 1979, que rapidamente se tornou uma obra de referência para autores que desejavam explorar a doutrina, seja em defesa ou crítica. Ele apresentou argumentos sólidos e uma abordagem erudita sobre o assunto, o que contribuiu significativamente para a disseminação e popularização da crença no pré-tribulacionismo entre os próprios acadêmicos. “The Rapture Question” foi fundamental para ampliar o debate teológico sobre o arrebatamento.
Uma outra grande contribuição de Walvoord para o pré-tribulacionismo foi a sua interpretação que equiparou o “início da Grande Tribulação” com o “início do Dia do Senhor”. Essa interpretação trouxe uma vantagem argumentativa para o sistema pré-tribulacionista, pois sugeria que a Igreja não estaria destinada a passar pelo Dia do Senhor, que é um período de julgamento e ira divina sobre o mundo. Essa ideia implicava que a Igreja seria arrebatada antes do início da Grande Tribulação, sendo poupada da ira vindoura. Ele desenvolveu seus argumentos através de extensas pesquisas bíblicas e escritos teológicos. Ele escreveu muitos outros livros e artigos que defenderam e aprofundaram as doutrinas pré-tribulacionistas, ganhando reconhecimento como uma autoridade neste campo. Sua abordagem acadêmica e sua clareza expositiva conquistaram o respeito de muitos estudiosos e líderes cristãos.
Além de John F. Walvoord, outros nomes como o de Charles Ryrie, Dwight Pentecost e Thomas Ice também se destacam como proeminentes teólogos na defesa do pré-tribulacionismo. Aqui no Brasil, os nomes contemporâneos que mais se destacam na defesa do pré-tribulacionismo são: Marcos Granconato, Natan Rufino, Juliano Fraga, Jamierson Oliveira, entre outros.